A obstrução intestinal ocorre
em quelônios, principalmente, em decorrência de parasitismo e corpos estranhos,
como pedras e areia.
Coleção de pedras no intestino da tigre d'água - https://drzooveterinario.files.wordpress.com/2011/01/foto-00322.jpg |
Dentre as desordens
gastrintestinais, a constipação é frequente em quelônios e é causada pelo acúmulo
de matéria seca nos intestinos, como pequenas pedras, areias ou componentes plásticos que compõem
o recinto dos animais.
Os sinais clínicos das
desordens gastrintestinais em quelônios incluem anorexia, falta de apetite, desidratação,
letargia e queda do peso.
O diagnóstico é realizado pelo
exame de radiologia, Raios-X, ou endoscopia e o tratamento depende da causa de
constipação.
Na constipação primária, os
animais devem ser hidratados e banhados em água morna (30º C) 1 ou 2 vezes ao
dia para estimular a defecação. Laxantes como vaselina ou leite de magnésia,
via oral ou enema (intestinal) também são usados.
Em casos severos é necessário a
celiotomia, abertura cirúrgica da parede abdominal.
Relato de caso
Macho de tigre d’água pesando
260 gramas com aproximadamente 05 anos de idade. Animal chegou ao serviço
médico apresentando anorexia há 01 semana, desidratação severa e estupor (inconsciência).
O diagnóstico definitivo foi feito
por raios X, onde verificou distensão das alças intestinais devido a presença
de grande quantidade de material radiopaco como forme figura 1.
Animal foi submetido a celiotomia
de emergência para retirada de corpos estranhos intestinais sob anestesia inalatória
e local.
Após abertura do plastrão com
auxílio de serra vibratória, o intestino grosso foi exteriorizado e a
enterotomia (abertura do intestino) feita.
Foram retirados 20 gramas de
pedras provenientes do terrário onde o animal era mantido.
Após retirada dos corpos
estranhos, suturado intestino, peritônio, segmento do plastrão recolocado e
fixado com resina epóxi e gaze aberta. Animal colocado em ambiente a 28ºC após cirurgia
para facilitar o retorno anestésico, alimentação oral pastosa por sonda do
segundo ao décimo dia após cirurgia, com ótima recuperação.
Este conteúdo visa atentar os
tutores das tigre d’água sobre a importância de manter o recinto desses
quelônios livres de materiais, como pedras, areias, enfeites plásticos, gramas
sintéticas, que por ventura possam ser ingeridos e causar uma possível
obstrução intestinal e consequentemente levar o animal a morte se não tratado
adequadamente.
Eles são curiosos e quando bem
adaptados ao recinto possuem bom apetite e buscam alimento por todo recinto,
assim podendo ingerir, acidentalmente, corpos estranhos. Portanto, toda atenção
e cuidado por parte do tutor é necessário.
Referência: Oliveira F.S.,
Delfini A., Martins L.L., Faria Jr. D. & Machado M.R.F. Obstrução
intestinal e enterotomia em tigre d´água (Trachemys dorbignyi). 2009. Acta Scientiae Veterinariae. 37(3): 307-310.