quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Obstrução intestinal em tigre d’água


A obstrução intestinal ocorre em quelônios, principalmente, em decorrência de parasitismo e corpos estranhos, como pedras e areia.
Coleção de pedras no intestino da tigre d'água - https://drzooveterinario.files.wordpress.com/2011/01/foto-00322.jpg
Dentre as desordens gastrintestinais, a constipação é frequente em quelônios e é causada pelo acúmulo de matéria seca nos intestinos, como pequenas pedras, areias ou componentes plásticos que compõem o recinto dos animais.

Os sinais clínicos das desordens gastrintestinais em quelônios incluem anorexia, falta de apetite, desidratação, letargia e queda do peso.

O diagnóstico é realizado pelo exame de radiologia, Raios-X, ou endoscopia e o tratamento depende da causa de constipação. 

Na constipação primária, os animais devem ser hidratados e banhados em água morna (30º C) 1 ou 2 vezes ao dia para estimular a defecação. Laxantes como vaselina ou leite de magnésia, via oral ou enema (intestinal) também são usados.

Em casos severos é necessário a celiotomia, abertura cirúrgica da parede abdominal.


Relato de caso

Macho de tigre d’água pesando 260 gramas com aproximadamente 05 anos de idade. Animal chegou ao serviço médico apresentando anorexia há 01 semana, desidratação severa e estupor (inconsciência). 

O diagnóstico definitivo foi feito por raios X, onde verificou distensão das alças intestinais devido a presença de grande quantidade de material radiopaco como forme figura 1.




Animal foi submetido a celiotomia de emergência para retirada de corpos estranhos intestinais sob anestesia inalatória e local.

Após abertura do plastrão com auxílio de serra vibratória, o intestino grosso foi exteriorizado e a enterotomia (abertura do intestino) feita.


Foram retirados 20 gramas de pedras provenientes do terrário onde o animal era mantido.
 



Após retirada dos corpos estranhos, suturado intestino, peritônio, segmento do plastrão recolocado e fixado com resina epóxi e gaze aberta. Animal colocado em ambiente a 28ºC após cirurgia para facilitar o retorno anestésico, alimentação oral pastosa por sonda do segundo ao décimo dia após cirurgia, com ótima recuperação.


Este conteúdo visa atentar os tutores das tigre d’água sobre a importância de manter o recinto desses quelônios livres de materiais, como pedras, areias, enfeites plásticos, gramas sintéticas, que por ventura possam ser ingeridos e causar uma possível obstrução intestinal e consequentemente levar o animal a morte se não tratado adequadamente.

Eles são curiosos e quando bem adaptados ao recinto possuem bom apetite e buscam alimento por todo recinto, assim podendo ingerir, acidentalmente, corpos estranhos. Portanto, toda atenção e cuidado por parte do tutor é necessário.




Referência: Oliveira F.S., Delfini A., Martins L.L., Faria Jr. D. & Machado M.R.F. Obstrução intestinal e enterotomia em tigre d´água (Trachemys dorbignyi).  2009.  Acta Scientiae Veterinariae. 37(3): 307-310.
 

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