segunda-feira, 4 de maio de 2020

Cuidado com o “Casco” (Carapaça e Plastrão) de Tigre d'água


O casco podemos afirmar que é a característica física mais marcante o que dá uma aparência única, além de desempenhar um papel de proteção.



Já vimos inúmeras vezes desenhos e animações mostrando a tartaruga saindo de seu corpo “casco” como fossem unidades separadas, isso traz a percepção de que seu casco é uma blindagem, o que poucos sabem é que a carapaça (parte de cima) e o plastrão (parte de baixo) de um quelônio compõem seu corpo, neste sentido, eles sentem dor, desconforto ao mínimo choque, sentem cócegas...
 
Carapaça e plastrão de uma Tigre d'água

A porção dorsal ou superior do casco é a carapaça. Dentro, encontramos a coluna e as costelas do réptil unidas. As vértebras torácicas e as costelas são geralmente soldadas com a carapaça óssea. Os ossos da carapaça são recobertos por escudos córneos de origem epidérmica que não coincidem, em número e posição com os ossos subjacentes.
Por sua vez, a parte ventral ou inferior do casco é chamada de plastrão, composta por nove placas ósseas e cerca de 12 ou 13 escudos.

Além dessas duas principais porções principais, os cascos das tartarugas também compreendem as seguintes partes:
  • Ponte: é o conjunto de ossos e escudos que conectam as costas ao plastrão.
  • A cavidade celômica: consiste no espaço interno do casco. Nela encontramos os órgãos vitais da tartaruga, como o coração, os pulmões e o fígado, a escápula, a pélvis, etc.
  • Abertura anterior: esta é a abertura localizada na parte da frente do corpo da tartaruga. Por ela, passam as pernas anteriores e a cabeça do animal.
  • Abertura posterior: esta é a abertura traseira do corpo do animal, de onde as patas traseiras e a cauda da tartaruga saem.
O casco das tartarugas é uma estrutura óssea composta por várias placas ósseas. Estas placas são integralmente revestidas por placas queratinizadas (escudos dérmicos).

O escudo dérmico é uma camada externa protetora, que por sua vez é formada por vários escudos que acumulam β-queratina. Apesar de finos, os escudos epidérmicos são dotados de grande rigidez e são separados da parte óssea por um fino tecido vascular.

Em síntese, o casco tem uma formação dupla. Em parte, deriva do endosqueleto do animal (os ossos dérmicos), mas também mostra uma camada queratinosa derivada de sua epiderme (as escamas protetoras). Juntas, placas e escamas constituem uma espécie de armadura de notável rigidez e dureza que protege as tartarugas de seus predadores.
 Troca dos escudos dérmicos 


A troca de escudos dérmicos de queratina (escudos externos) do casco e plastrão de um semi aquático jovem, é em média a cada 4 a 6 meses.
Escudos dérmicos da carapaça de um tigre d'água

Escudos dérmicos do plastrão de um tigre d'água

A medida que vão crescendo e ficando mais velhos, essa periodicidade de troca de escudos dérmicos vai aumentando, e alguns Cágados e Tartarugas adultas, vão passar a trocar os escudos dérmicos do casco e plastrão a cada 1 ano ou mais.

Os semi aquáticos crescem como todo os quelônios por toda a sua vida, e a medida que vão passando os anos e o metabolismo vai desacelerando, o seu crescimento começa a desacelerar, e portanto, as trocas de escudos dérmicos acabam aumentando o tempo para troca (quando estão velhas a troca acaba ocorrendo somente se ocorrer algum evento traumático). Tudo isso faz parte do processo de desenvolvimento e crescimento contínuo.
Escudo dérmico de uma tigre d'água


Cuidados com o Casco

A limpeza periódica do casco é importante para manutenção da saúde do quelônio é o momento de realizar uma checagem em busca de alguma alteração, lesão, fungos. Realizar a limpeza sempre que observar sujidade excessiva.



Deve ser feita a limpeza com uma escova de cerdas macias usando apenas água, de preferência sem cloro e do próprio recinto, nenhum produto deve ser usado. Evitar a manipulação excessiva do animal e movimentos bruscos para evitar quedas e estresse.

Neste momento é onde se pode verificar se os escudos estão se formando, trocando corretamente (observar se tem fissuras, acúmulos de sobreposição de escudos dérmicos mortos, entre outros), e pode verificar pontos, riscos gerados no casco, para ver se não estão gerando focos de ação de fungos e bactérias, que podem se manifestar de forma grave posteriormente.

Caso tenha algo irregular, você pode iniciar um tratamento, ou em casos mais sérios, buscar ajudar de um veterinário especialista em animais exóticos e silvestres (exemplo: remoção de placas de escudos dérmicos mortos em sobreposição).

Não é recomendado passar nada no casco. Há pessoas que buscam melhorar o aspecto passando óleo mineral e outros produtos para deixar o casco e o plastrão brilhante, não há comprovação que sustente essa prática. Não recomendo, pois produtos químicos, a longo prazo podem trazer problemas de saúde permanentes.



Uma atenção especial a umidade do ambiente (deve ser manter por volta de 70%), pois a umidade excessiva é um dos principais fatores que pode interferir diretamente na saúde e desenvolvimento do casco e no aparecimento de doenças.

O ambiente sempre tem que ficar aberto e arejado, e a área seca tem que ter condições para que esporadicamente ele possa secar o casco. Além desses dois fatores, existem outros que facilitam doenças: má qualidade da água, PH inadequado da água (o PH ideal deve ficar dentro da faixa dos 6,5 a 7,5, sendo ideal por volta de 6,8 a 7,5), temperatura da área aquática e da área seca inadequadas (ambas necessitam de um gradiente de temperatura), dieta inadequada, falta de raios UVs...
 

Doenças dos cascos


O assunto fungos e bactérias no casco e plastrão é muito complexo, a doença do casco pode evoluir para Shell Rot uma condição grave que pode atingir a corrente sanguínea e pode levar até a morte.

Esse assunto tem que ser levado a sério, pois o tratamento pode se tornar custoso e de longo prazo para se curar. Ou seja, é preciso uma boa estrutura e respeitar as características peculiares de cada espécie
O Cloro presente na água afeta a queratina. Por isso, é importante condicionar a água, com produtos próprios para répteis, para retirar o cloro e os metais pesados da água (além de proteger a mucosa). 



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