sexta-feira, 1 de maio de 2020

Esqueleto da Tigre d’água - Trachemys dorbignyi


Este conteúdo visa apenas fomentar o interesse em quem queira conhecer um pouco mais sobre esse quelônio e entender sua estrutura óssea, seu esqueleto, não visa saturar o conhecimento sobre o assunto, apenas apresentar mais informações para tutores.]

Esses animais possuem anatomia peculiar, sendo que algumas das características anatômicas se mantiveram praticamente sem mudanças ao longo de 200 milhões de anos. 
Radiografia de uma fêmea de Tigre d'água

Trachemys dorhignyi, conhecida popularmente como "tigre d'água", é uma tartaruga de água doce, com preferência de correntes fracas a moderadas, cuja distribuição abrange parte do Brasil, o Uruguai e o Norte da Argentina. No Brasil, ocorre especificamente no Rio Grande do Sul. 

Representante jovem de tigre d’água

Representantes adultas: Macho-m; Fêmea-f




Carapaça e Plastrão
O casco é formado dorsalmente pela carapaça e ventralmente pelo plastrão, partes que são unidas lateralmente pela ponte.

 A carapaça é formada por 50 placas ósseas e  o Plastrão por 9 placas ósseas e este revestimento ósseo é recoberto por escudos epidérmicos córneos. Os escudos córneos não correspondem exatamente às placas ósseas, sendo que as suturas entre eles deixam marcas sobre a carapaça e o plastrão observando-se as diferenças existentes entre as placas ósseas e os escudos córneos (Figs 3 e 4).



Os escudos córneos que revestem a carapaça distribuem-se em três séries. A primeira série de escudos córneos é a mediana, também denominados escudos vertebrais (ev). A segunda série de escudos, denominada costal, é formada por oito grandes escudos córneos dispostos em duas fileiras, uma direita e outra esquerda, cada uma delas com quatro placas (eco). A terceira e última série de escudos córneos é a marginal composta por 25 escudos que revestem a margem externa da carapaça. O escudo nucal, é proporcionalmente o menor de todos e reveste a placa óssea nucal da carapaça (Fig. 3).


O plastrão é recoberto externamente por dezesseis escudos córneos pareados e denominados segundo uma disposição crânio-caudal.

A carapaça óssea é formada por três séries de placas ósseas. Uma série mediana composta por placas ósseas, sendo sete placas vertebrais (pv), I nucal (pn), 2 supra-pigiais (pspi I e pspi 2) e I pigial (ppi); lateralmente à série mediana encontram-se 16 placas ósseas associadas às costelas, são as placas costais (pco), dispostas em 8 pares ; e, uma série de 22 placas ósseas marginais (pm) que circundam as placas das série mediana e costal e delimitam a margem externa da carapaça óssea (Figs 5, 6). A placa marginal mais cranial, é a nucal e as três placas mais caudais são as supra-pigiais I e 2, e a pigial , sendo que esta última apresenta uma conspícua depressão mediai (dm) (Figs 5, 6). 
 


As placas da série costal como as da série marginal apresentam diferentes graus de ossificação com áreas cartilaginosas (ac) e, aparentemente, as craniais ossificam-se antes das caudais ao longo da vida dos animais, segundo as observações feitas nos exemplares jovens e adultos estudados (Figs 5, 6). O plastrão ósseo é formado por oito placas pareadas e uma ímpar. As placas ósseas pareadas dispostas crânio-caudal mente são denominadas: epiplastrão (epp), hioplastrão (hi), hipoplastrão (hp), e xifoplastrão (xp). Caudal às duas placas do epiplastrão e cranial às do hioplastrão encontra-se uma placa ímpar, o entoplastrão (ent) (Figs 7, 8).





Crânio 

O crânio não possui fenestras (ou aberturas) temporais, sendo os únicos animais viventes a possuírem tal característica.

Os ossos crânianos da série mediana dorsal, dispostos caudo-rostralmente são: o supra-occipital (so), os parietais (pa), os frontais (f), os pré-frontais (pf) e os pré-maxilares (pma) (Fig. 9).



 
A mandíbula é formada por seis pares de ossos dispostos caudo-rostralmente: articular (ar), dentário (d), esplenial (es), angular (an), supra-angular (san) e coro- nóide (cor) (Figs 14, 15) . 

Não possuem dentes, mas tanto a mandíbula quanto a maxila são recobertas por lâmina córnea, formando um “bico” córneo.

O dentário é o osso de maior tamanho dentre todos os elementos mandibulares e ocupa a maior extensão da superficie externa da mandíbula representando a maior área de sustentação do bico córneo mandibular. A face interna do dentário limita-se ventro-Iateralmente com o esplenial , ventro-caudalmente com o angular, latero-cau- dai mente com o supra-angular e dorso-caudal mente com o coronóide (Fig. 14)


Aparelho Hióideo 

Os quelônios são divididos em duas subordens de acordo com a flexão do pescoço. Os Pleurodira executam flexão lateral do pescoço, abrigando a cabeça sob a proteção da carapaça ao contrário dos Cryptodira, que executam flexão sagital do pescoço, protegendo-o dentro do casco.
As diferentes estruturas que formam o pescoço, apresentam graus variáveis de ossificação. O corpo do hióide (ch) é a peça ventral central cuja face interna, ou dorsal, é levemente côncava onde se aloja a parte cranial da laringe (Fig. 16) .


Coluna Vertebral 

No esqueleto pós-crânio axial, temos vértebras soldadas na carapaça e costelas fusionadas. Essas costelas são englobadas pelas cinturas escapular e pélvica, sendo esta característica também exclusiva deste grupo de animais.

A coluna vertebral apresenta 8 vértebras cervicais (vc), lO dorsais (vd), 2 sacrais (vs) e de 25 a 30 vértebras caudais (vca) (Fig. 6) . As vértebras cervicais e caudais estão livres da carapaça diferentemente das dorsais e das sacrais que estão fundidas à ela. As primeiras cinco vértebras cervicais alinham-se em linha reta enquanto as três vértebras subseqüentes alinham-se obliquamente ao eixo crânio-caudal do corpo.


Membros Anteriores 

O corpo do úmero é cilíndrico e encurvado ao longo de seu maior eixo, definindo-se uma face mediai convexa (fme) e uma face lateral côncava (fi), e na extremidade proximal apresenta leve estreitamento que corresponde ao colo do úmero (cu).


Cintura Pélvica 

Os três ossos pareados que formam a cintura pélvica de T dorbignyi mantêm o padrão observado nos Testudines, mas com relações próprias entre seus elementos formadores: os ílios (il) dorsais, e os ísquios (is) e os púbis (pu) ventrais (Figs 31, 32).

Membros Posteriores 

O corpo do fêmur (fe) é cilíndrico e encurvado ao longo do seu maior eixo, semelhante ao observado para o úmero, definindo-se, deste modo, uma face mediai (fme) convexa e uma face lateral (f1) côncava. Na extremidade proximal do fêmur diferencia-se sua cabeça (caf) onde localiza-se a área de articulação com o acetábulo (Figs 33, 34).






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